quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Música na Idade Média

Cristão e Muçulmano tocando alaúde em uma miniatura que 
reproduz as Cantigas de Santa Maria de Alfonso X. 

http://www.youtube.com/watch?v=7RCM2IeiB00


A música ocidental hodierna tem suas raízes não nos clássicos gregos e romanos (sua influência sobre a música medieval existiu, mas dela sobraram poucos resquícios na atualidade), mas no Canto Gregoriano, também conhecido como cantochão, que foi o canto litúrgico da Igreja Romana.

http://www.youtube.com/watch?v=Aoj2kGBddRA

Conforme nos relata Otto Maria Carpeaux, em seu clássico Uma Nova História da Música (Rio de Janeiro, Editorial Alhambra, 1977, p. 15), nas melodias do cantochão encontramos, escondidos, fragmentos de hinos cantados nos templos gregos e dos salmos que acompanhavam o culto no Templo de Jerusalém. Entretanto, não sabemos sua real proporção de participação nessas melodias. Também as liturgias que precederam a reforma do canto eclesiástico, empreendida pelo papa Gregório I (São Gregório Magno) tiveram alguma influência na música medieval, mas desconhecemos onde ela se deu. Também houve influência da música galicana (igreja francesa, com seus rituais e suas leis, atualmente desaparecidos), da liturgia e do canto ambrosianos (até hoje cantados em Milão), da liturgia visigótica ou moçárabe (que sobrevive até hoje em algumas igrejas de Toledo). Como nos diz Carpeaux, “a única música litúrgica católica que conta para o Ocidente, é o Coral Gregoriano, a liturgia à qual Gregório I, o Grande (590-604) concedeu espécie de monopólio na Igreja Romana”.


http://www.youtube.com/watch?v=7RCM2IeiB00&feature=share


Os instrumentos


Músico toca a viela, no século XIV. Manuscrito medieval. 


Os instrumentos usados para tocar a música medieval existem até os dias atuais, em formatos diferentes. A flauta era feita de madeira e não de prata, ou outro metal. Podia ser assoprada pelo lado ou pelo fim do tubo. A flauta doce praticamente manteve sua forma atual. 

http://www.youtube.com/watch?v=R6aYpeXvEO8



Gemshorn Alt.jpg
O corno.


O corno é semelhante à flauta, com buracos para os dedos na sua face frontal. Pertence à família da ocarina, um instrumento de sopro de aproximadamente 12 mil anos. 


Ocarinas.jpg
Ocarina.
                                                             

Um dos precursores da flauta foi a flauta de tubos (pan flute), também de origem muito antiga, provavelmente helenística. Ainda é comum nos países andinos. Era feita de tubos de madeira de diferentes comprimentos, muitas vezes de bambu ou uma cana maior, a fim de se produzir sons diferentes. Em representações pictóricas vemos o deus Pan tocando esta flauta, daí o seu nome. É considerada ancestral do órgão de sopro e da harmônica. 

http://www.youtube.com/watch?v=6GRLRm9oKUM

A música medieval usa muitos instrumentos de corda, como o alaúde, a mandora (ancestral do mandolin), a guittern (ou guitarra primitiva), o saltério (da família da harpa) e o dulcímero (assemelhado ao saltério) o qual se toca com baquetas. Esses instrumentos foram desenvolvidos pela evolução da tecnologia vinda do Oriente (China, Japão e Índia), bem como do Oriente Médio, a partir do século XIV. 



File:Deutsches Museum (121282543).jpg
Diversos tipos de alaúdes.


File:Mandore.JPG
A mandora, ancestral do mandolin.


Wartburg-Laute.JPG
Guittern ou guitarra primitiva.


Saltério, da família da harpa.

Dulcímero (similar em sua estrutura ao saltério e a cítara). 


Byzantine Lyra Museo Nazionale.jpg
Primeira figuração conhecida da lira em uma caixa de marfim
(900 - 1100 a.D.). Museu Nacional de Florença.

http://www.youtube.com/watch?v=2wOrr9NvlTk&list=PL14078CE37EA6B15D


A lira com arco do Império Bizantino foi o primeiro instrumento com cordas e arco registrada na Europa. O geógrafo persa Ibn Khurradadhbih, do século IX (ca. 911), descreveu a lira Bizantina em seu livro sobre discussão de instrumentos com arco e cordas equivalentes ao rabãb árabe e típico instrumento do período bizantino, ao lado do urghun (órgão), shilyani (tipo de harpa ou lira) e o salandj (provavelmente uma gaita de foles). 

http://www.youtube.com/watch?v=613nUS1m3j8

O hurdy-gurdy foi (e ainda é) um violino mecânico que usa uma roda de madeira atritada com as cordas. Instrumentos como o jaw harp eram populares naqueles tempos. Existiam versões primitivas do órgão, violino (ou viola), do trombone (chamado de sckkbut). 




Louvet Drehleier.JPG
O hurdy-gurdy. 

Gêneros


Houve diversos gêneros musicais na Idade Média: o Canto Gregoriano, Ars Nova, Organum, Moteto, Madrigal, Canon (música) e Ballata. A música medieval podia tanto ser sacra quando secular. Durante o período medieval inicial no gênero litúrgico do Canto Gregoriano predominou a monofonia. Gêneros polifônicos começaram a se desenvolver durante a Alta Idade Média, tornando-se prevalente ao final do século XIII e início do século XIV. O desenvolvimento de tais formas está, frequentemente, associado ao Ars Nova

http://www.youtube.com/watch?v=iKt2m9-gqYA

Uma das primeiras inovações do canto monofônico deu origem ao canto heterofônico. O Organum, por exemplo, expandiu sobre melodias harmônicas e melódicas sequenciadas usando uma linha de acompanhamento, cantada com intervalos fixos, alternando polifonia com monofonia. Os princípios teóricos do Organum são muito antigos, provavelmente do século I, como a Musica Enchiriadis, que introduziu a tradição de duplicar um canto preexistente em moção paralela com intervalos de uma oitava, chegando à quinta e à quarta.

http://www.youtube.com/watch?v=TuN_c4L0GWk

De grande sofisticação foi o Moteto, que se desenvolveu do gênero Clausula de canto plano medieval e se tornaria a mais popular forma de polifonia. Enquanto os motetos iniciais eram litúrgicos ou sacros, ao fim do século XIII o gênero havia se expandido para incluir tópicos seculares, como o do amor cortês. 

http://www.youtube.com/watch?v=CKZ-28Bn81Q


Durante o Renascimento, o gênero secular italiano do Madrigal também se tornou popular. Similar ao caráter polifônico do moteto, os madrigais desenvolveram grande fluência e movimento na linha de frente. A forma madrigal também deu origem ao Canon, especialmente na Itália onde eles foram  compostos sob o título La Caccia. Estas foram peças seculares de três partes, que apresentavam as duas vozes mais altas em canon, com um instrumental subjacente de acompanhamento de longas notas. 

http://www.youtube.com/watch?v=b2OwoPgNpts

Ao fim do período medieval desenvolveu-se a música instrumental exclusiva, no contexto de uma tradição teatral crescente e para consumo da corte. As músicas de dança, frequentemente improvisadas em torno de grupos familiares, foi um gênero muito comum e generalizado. A secular Ballata, que se tornou muito popular no Trecento italiano, teve suas origens, por exemplo, em instrumentos medievais de música de dança.


Teoria e notação

Durante o período medieval surgiram as notações que deram origem às atuais e modernas práticas e teorias de notação musical. Foi notável o desenvolvimento de um sistema de notação compreensivo. Os avanços teóricos, principalmente em relação ao ritmo e à polifonia também são importantes para o desenvolvimento da música ocidental. 

http://www.youtube.com/watch?v=MjlTLTcM12Y

A música medieval mais primitiva não tinha nenhum sistema de notação. O som era monofônico e transmitido através de tradição oral. Este tipo de notação servia apenas como uma ajuda de memória para um cantor que anteriormente já conhecesse a melodia. Como Roma tentou centralizar as várias liturgias e estabeleceu o rito romano como a tradição fundamental, a necessidade de transmitir a idéia desse canto para grandes distâncias foi muito difícil. O primeiro passo para solucionar este problema veio com a introdução de vários sinais escritos acima dos textos dos cantos, chamados neumas. A origem dos neumas não é muito clara e ainda é motivo de debates. Muitos estudiosos atribuem sua origem aos clássicos gregos e romanos, cujos sinais gramaticais indicavam importantes pontos de declamação ao relacionar-se ao aumento e diminuição do tom de voz. 

http://www.youtube.com/watch?v=CKZ-28Bn81Q

Os dois sinais básicos da gramática musical clássica foram o acutus, indicando um aumento da voz, e o gravis, indicando um abaixamento. Eventualmente, eles evoluíram para símbolos básicos de notação neumática, o virga (ou "verga") que indica uma nota mais alta e ainda se parecia com o acutus do qual ele veio, e o punctum (ou "ponto") que indica um abaixamento da nota, e, como sugere o nome, reduziu o símbolo do gravis para um ponto. Deles, o acutus e o gravis podiam ser combinados para representar inflexões vocais gráficas na sílaba. Este tipo de notação não parece ter sido desenvolvido antes do século VIII, mas apenas durante o século IX ele estabeleceu-se como o método primário de notação musical. A notação básica da virga e do punctum permaneceram os símbolos para notas individuais, mas os outros neumas logo se desenvolveram revelando várias notas reunidas em um conjunto. Esses novos neumas - chamados de ligaduras - são essencialmente combinações de dois sinais originais. Esta notação neumática básica podia somente especificar o número de notas e revelar se moviam para cima ou para baixo. Não havia forma de indicar a exata altura do som, qualquer ritmo, ou mesmo a nota inicial. Essas limitações são uma indicação fundamental de que os neumas foram desenvolvidos como instrumentos para apoiar a prática da tradição oral, e não para substitui-la. Entretanto, mesmo que tenham começado como uma mera ajuda para a memória, logo se tornaram evidentes os seus benefícios.

http://www.youtube.com/watch?v=1oR3pXcnsTs&list=PL62E960C66BDD0720

O desenvolvimento seguinte na notação musical foram as "alturas dos neumas", nas quais os neumas eram cuidadosamente colocados em diferentes alturas em relação uns aos outros. Isto permitiu que os neumas dessem uma indicação segura do tamanho de um determinado intervalo, assim como sua direção. Como consequência, rapidamente passou-se a notar uma ou duas linhas, cada uma representando uma nota particular. Sobre elas foram notados na escrita da música todos os neumas relacionados com os seus anteriores. No  começo essas linhas não tinham significado particular e, apesar disso, tinham uma letra colocada no início, indicando qual nota foi representada. Todavia, as linhas que indicavam o Dó médio e o Fá uma quinta abaixo, lentamente se tornaram mais comuns. Foram inicialmente desenhadas em pergaminho e, posteriormente, desenhadas com duas tintas coloridas diferentes: geralmente vermelho para o Fá, e amarelo ou verde para o Dó. Este foi o início do conjunto de notas como hoje conhecemos. O conjunto das quatro linhas é habitualmente atribuído a Guido d'Arezzo (ca. 1000-1050), um dos mais importantes teóricos da música na Idade Média. Enquanto fontes mais antigas atribuem o desenvolvimento do conjunto a Guido, alguns modernos estudiosos sugerem que ele agiu mais como um codificador de um sistema que já estava sendo desenvolvido. De qualquer forma, esta nova notação permitiu a um cantor aprender peças completamente desconhecidas para ele em um tempo muito mais curto. Todavia, mesmo quando a notação de um canto tinha progredido de várias formas, um problema fundamental permaneceu: o ritmo. O sistema de notação neumático, mesmo em seu estado completamente desenvolvido, não definia claramente nenhum tipo de ritmo para o canto das notas. 

http://www.youtube.com/watch?v=omHQ388lq5k

A teoria da música na Idade Média passou por diversos avanços em relação às práticas anteriores, tanto nas matérias tonais,  na textura e no ritmo.
  

O Ritmo 

O ritmo passou por diversas mudanças dramáticas e importantes, tanto na concepção quanto na notação. Durante o período medieval arcaico (476 d.C.- 1000 d.C.) não havia método de notação para o ritmo, o que tem levado a acalorados debates entre os estudiosos. Ao fim da Alta Idade Média (1000 d.C. - 1300 d.C.), no século XVIII, surgiu o primeiro sistema de notação escrita. Este mapa de ritmos foi codificado pelo teórico da música Johannes de Garlandia, autor de De Mensurabili Musica (ca. 1250), o tratado que definiu e elucidou de forma mais completa esses modos rítmicos. Em sua obra, Johannes de Garlandia descreve seis espécies de modos, ou seis diferentes caminhos nos quais os longos e os breves podem ser arranjados. Cada modo estabelece um padrão rítmico em batidas (ou tempora) dentro de uma unidade comum de três tempora (a perfectio) que é repetida sempre. Além do mais, a notação sem texto é baseada em cadeias de ligaduras (as notações características pelas quais grupos de notas são unidas umas com as outras). O modo rítmico pode geralmente ser determinado pelos padrões de ligaduras usadas. Uma vez que o modo rítmico tenha sido assinalado para uma linha melódica, houve geralmente pequeno desvio daquele modo, embora os ajustes rítmicos pudessem ser indicados por mudanças no padrão esperado de ligaduras, mesmo até chegar à mudança para outro modo rítmico. 

http://www.youtube.com/watch?v=XgvDBwJwUac

O próximo passo à frente quanto ao rítmo veio do teórico alemão Franco de Colônia. Em seu tratado Ars cantus mensurabilis ("A Arte da Música Mensurável"), escrito por volta do ano 1280, ele descreve um sistema de notação no qual notas diferentemente desenhadas tinham valores rítmicos inteiramente diferentes. Isso é uma forma extraordinária de mudança do sistema anterior de Garlandia. Enquanto antes da duração da nota individual podia somente ser juntado do próprio modo, esta nova relação invertida tornou o modo dependente e determinado pelas notas individuais ou figurae que tinham, de forma segura, valores de duração, uma inovação que teve um grande impacto na história subsequente da música européia. Muitos dos manuscritos notados e preservados do século XIII usam os modos rítmicos definidos por Garlandia. O passo à frente na evolução do ritmo veio após a virada do século XIII com o desenvolvimento do estilo Ars Nova.

http://www.youtube.com/watch?v=D5ubvYqOh1M

O teórico mais reconhecido deste novo estilo é Philippe de Vitry, famoso por escrever o tratado Ars Nova ("Arte Nova") por volta de 1320. Esta obra deu seu nome ao estilo de toda esta era. De certa forma, o sistema moderno de notação rítmica começou com Vitry, que rompeu completamente com as idéias velhas dos modos rítmicos. Os predecessores das modernas notações também se originam do Ars Nova. Este novo estilo foi claramente construído sobre o trabalho de Franco de Colônia. No sistema de Franco, a relação entre uma breve uma semibreve (que é meia breve) foi equivalente àquela entre uma breve e uma longa: e, desde que para ele o modus era sempre perfeito (agrupado em três), a batida tempusor era inerentemente perfeita e, consequentemente, continha três semibreves. Algumas vezes, o contexto do modo requereria um grupo de somente duas semibreves, todavia, essas duas semibreves seriam sempre uma de duração normal e a outra de duração dupla, ligado a isso tomando o mesmo espaço de tempo, e assim preservando a subdivisão perfeita do tempus. Esta divisão ternária levou aos valores de todas as notas. Ao contrário, o período do Ars Nova introduziu duas importantes mudanças: a primeira foi uma subdivisão ainda menor de notas (semibreves, poderiam agora ser divididas no minim), e a segunda era o desenvolvimento da "mensuração". Mensurações podiam ser combinadas de várias formas para produzir grupos métricos. Esses grupos de mensurações são os precursores da métrica simples e composta. Nos tempos da Ars Nova, a divisão perfeita do tempus não foi a única opção já que as divisões duplas se tornaram mais aceitas. Para Vitry, o breve poderia ser dividido, para uma composição inteira, ou seção de um, em grupos de dois ou três semibreves menores. Desta forma, o tempus (o termo que veio para descrever a divisão da breve) poderia ser tanto "perfeito", (Tempus perfectus) com subdivisão ternária, ou "imperfeito" (Tempus imperfectus) com subdivisão binária. De forma parecida, a divisão das semibreves (chamada prolação) poderia ser dividida em três minima (prolatio perfectus ou prolação maior) ou duas minima (prolatio imperfectus  ou prolação menor) e, em um nível mais elevado, as divisões longas (chamadas modus) poderiam ser três ou duas breves (modus perfectus ou modo perfeito, ou modus imperfectus ou modo imperfeito) respectivamente. 

http://www.youtube.com/watch?v=xwsBuxwbIRY

Vitry avançou mais um degrau indicando a divisão adequada de uma determinada peça no começo através do uso de um "sinal de mensuração", equivalente às nossas modernas "assinaturas dos tempos". O Tempus perfectus foi indicado por um círculo, enquanto o tempus imperfectus foi assinalado por um meio-círculo (nosso atual "C" como um substituto para a assinatura do tempo 4/4 é atualmente um remanescente desta prática, não uma abreviação para "tempo comum", como popularmente se acreditava). Enquanto muitas dessas inovações são atribuídas a Vitry, e, de alguma forma, presentes no tratado Ars Nova, foi um contemporâneo (e conhecido) de Vitry, chamado Johannes de Muris (Jehan des Mars) que produziu o tratamento mais compreensivo e sistemático das recentes e inovadoras do Ars Nova. Muitos estudiosos, citando uma falta de evidências de atribuição positiva, agora consideram o tratado "de Vitry" como de autoria anônima, mas isso não diminui sua importância para a história da notação rítmica.

http://www.youtube.com/watch?v=IBZmehsBnNU

O estilo do Ars Nova permaneceu o sistema rítmico primário até os trabalhos altamente sincopados do Ars subtilior no final do século XIV, caracterizados por extremos de complexidade rítmica e de notação. Estes sub-gêneros levaram a liberdade rítmica introduzida pelo Ars Nova até seus limites, como algumas composições com diferentes vozes simultâneas, em tempus diferentes. A complexidade rítmica produzida com esta música é comparável àquela do século XX.

http://www.youtube.com/watch?v=GgQAEwLU4js


A Polifonia



Polifonia, termo que vem do grego e significa várias vozes, é uma técnica de composição onde duas ou mais vozes se desenvolvem mantendo um caráter melódico e rítmico individualizado. É o contrário da monofonia, onde existe apenas uma voz, ou se existem outras, elas seguem a voz principal em uníssono ou a uma distância de oitava(s), ou realizam floreios em torno da principal. É diferente da monodia, onde uma voz melódica é acompanhada ou não de acordes, sem caráter melódico próprio. Ainda também é diferente da homofonia e do contraponto, onde várias vozes se movem com ritmo igual ou muito parecido, formando nítidos acordes, que podem ter ou não um caráter melódico próprio e acentuado.

http://www.youtube.com/watch?v=Y6H9qDXQx_A


A polifonia teve origem no fim da Idade Média Arcaica e teve a mesma importância para a história da música ocidental que as mudanças texturais. Isso levou a formatação da música, dominada pela harmonia, como hoje a conhecemos. As primeiras referências a este desenvolvimento textual foram encontradas em dois tratados muito conhecidos de então, o Musica e o Scolica enchiriadis. Datam da última metade do século IX. Eles descrevem a técnica que parecia já estar bem estabelecida na prática da época.
Até então a música era homofônica, ou seja, era uma melodia única, linear, apenas com um acompanhamento rítmico. A monodia dominou a música religiosa ocidental com o Cantus Firmus e o Canto Gregoriano. Por volta do século X surgiu a idéia de sobrepor vozes em intervalos de oitavas e quintas. Essa prática se desenvolveu e chegou ao seu apogeu no século XV, com o contraponto largamente difundido. O contraponto é a técnica de contrapor melodias, isto é, cantar melodias diferentes ao mesmo tempo. Isso criou uma resultante musical nova, a verticalidade musical, isto é, notas musicais sobrepostas que soam ao mesmo tempo. Com o desenvolvimento do temperamento surgiu a harmonia.  

http://www.youtube.com/watch?v=ZkY9nnuiXrs




Nenhum comentário:

Postar um comentário